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Estou apaixonado por essa autora. Estou lendo avidamente o Vozes de Tchernóbil (mania esse revisionismo de acentos nas palavras russas: antes era Chernobíl, Checóv, Karenina, Karamazóv, agora são outras sonoridades completamente diferentes). Que livro, senhores! Não esperem história acadêmica ali, nem erudição filosófica cartorizada. A profundidade inigualável desse livro está no sentimento humano, na pureza do olhar, o olhar que extravasa a tragédia, a omissão, a política assassina. Neste livro se diz coisas tão espantosas que assustamos por enxergá-las inseridas na trivialidade, como essa: os radioisótopos espalhados pelo acidente permanecerão pelo planeta 200 mil anos, são imortais comparados a nós. Esse livro, para mim, é o alívio gratificante de encontrar uma resposta ao documentário da BBC sobre Tchernóbil que eu assisti há 2 anos, que mostra os generais soviéticos computando todas as vidas perdidas na indiferença acintosa dos monumentos aos heróis: Svetlana restitui a riqueza humana desses assassinados e desses suicidas, nega-lhes a frieza das estatísticas. Um livro que todo mundo deveria ler, imediatamente. O sarcófago, a estrutura de aço construída em torno do reator 4 de Tchernóbil, expiou seu prazo de validade nesse ano, 30 anos depois. Se as chamas tivessem alcançado os outros três reatores, teria sido, literalmente, o fim da humanidade, a nossa extinção. 4 dias depois do acidente, nuvens de Césio-137 e Urânio-235 expelidas em Tchernóbil já estavam na China, na África, e pelos céus de vários países europeus. As narrativas desse livro_ impressiona saber serem colhidas em entrevistas, devido suas altas qualidades literárias_, mostram o quanto devemos nossas vidas ao sofrimento e morte dessas pessoas. É simplesmente um livro sublime e vasto. A Companhia das Letras prometeu publicar toda a bibliografia da autora.
5.0 out of 5 starsE quando o inimigo é uma partícula que ninguém vê?
Reviewed in Brazil on September 5, 2018
Verified Purchase
Svetlana se presta à nobre missão de intercessora dos emudecidos pela incompetência e colapso de uma ideologia demoníaca. "Demoníaco", aqui, se encaixa perfeitamente como adjetivo do que ela relata, homens e mulheres comuns que foram atingidos pela sede incontrolável de poder e progresso a todo custo, de uma religião política chamada: Comunismo.
A obra se reveste de relatos emocionantes e, não raro, o leitor se vê com um nó na garganta e com a voz embargada pelas histórias ali contadas.
O que fazer quando seu inimigo é uma partícula radioativa que ninguém vê e sabe sobre? Quando os causadores do desastre são aqueles que forçosamente te ensinaram a apenas confiar em detrimento de tudo mais? O que fazer quando tudo que se possui é uma terra, e justamente essa terra dizem estar morta por uma razão científica que não se faz entender? Como acreditar se ela ainda gera frutos (ainda que frutos malditos)? Quem é o culpado pelas crianças deformadas, pelas doenças que desanimam, que mutilam e esfacelam bebês ainda no ventre? Como viver quando até o seu corpo não é confiável? Quando comer batatas e tomar a tradicional Vodka é o mesmo que tomar e comer mais uma parcela da morte, como entender? Ora, sempre fizeram isso, há centenas de anos é assim que procedem.
São essas as questões que "Vozes de Tchernóbil" suscita através da coragem única de Svetlana, merecida ganhadora do Prêmio Nobel de literatura. A edição está muito bem feita pela Companhia das letras, nada a observar.
5.0 out of 5 stars
E quando o inimigo é uma partícula que ninguém vê?
Reviewed in Brazil on September 5, 2018
Svetlana se presta à nobre missão de intercessora dos emudecidos pela incompetência e colapso de uma ideologia demoníaca. "Demoníaco", aqui, se encaixa perfeitamente como adjetivo do que ela relata, homens e mulheres comuns que foram atingidos pela sede incontrolável de poder e progresso a todo custo, de uma religião política chamada: Comunismo.
A obra se reveste de relatos emocionantes e, não raro, o leitor se vê com um nó na garganta e com a voz embargada pelas histórias ali contadas.
O que fazer quando seu inimigo é uma partícula radioativa que ninguém vê e sabe sobre? Quando os causadores do desastre são aqueles que forçosamente te ensinaram a apenas confiar em detrimento de tudo mais? O que fazer quando tudo que se possui é uma terra, e justamente essa terra dizem estar morta por uma razão científica que não se faz entender? Como acreditar se ela ainda gera frutos (ainda que frutos malditos)? Quem é o culpado pelas crianças deformadas, pelas doenças que desanimam, que mutilam e esfacelam bebês ainda no ventre? Como viver quando até o seu corpo não é confiável? Quando comer batatas e tomar a tradicional Vodka é o mesmo que tomar e comer mais uma parcela da morte, como entender? Ora, sempre fizeram isso, há centenas de anos é assim que procedem.
São essas as questões que "Vozes de Tchernóbil" suscita através da coragem única de Svetlana, merecida ganhadora do Prêmio Nobel de literatura. A edição está muito bem feita pela Companhia das letras, nada a observar.
Eu cheguei até esse livro após assistir a minissérie Chernobyl, na HBO. Eu comprei esperando saber mais sobre a tragédia em si, entender melhor toda a ciência por trás da Usina e do seu desastre. Porém, logo nas primeiras páginas fui surpreendido com relatos extremamente pessoais da tragédia. A princípio eu senti um pouco de incômodo, mas depois eu senti MUITO incômodo. Não pela escrita da autora ou pela ideia do livro, mas pelas experiências pessoais narradas por aqueles que mais sofreram com o acidente nuclear. É uma obra pesada, que requer pausas frequentes para dar uma respirada e digerir os fatos narrados. Entender melhor o que houve sob o olhar e nas vozes de quem, de fato, vivenciou (e vivencia) os impactos de Tchernóbil é uma experiência diferente e transformadora para o leitor. Ler esse livro é um exercício de empatia e, com certeza, quem se arriscar a lê-lo vai dar um passo a mais na construção de sua própria humanidade.
5.0 out of 5 starsRealismo em escrita de alto estilo!
Reviewed in Brazil on April 27, 2017
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A autora escreve de modo sofisticadíssimo. A obra em si é um texto fantástico que retrata a tragédia do povo daquelas cercanias, como também o diagnóstico de um regime político que já aparentava o colapso de seu próprio sistema. O desastre me marcou alguns anos depois pois foi uma das primeiras reportagens que li na Revista Veja e me marcou profundamente. Boa Edição da Companhia das Letras.
5.0 out of 5 starsas vozes de quem de fato constrói a História
Reviewed in Brazil on June 26, 2020
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que livro impregnado de força! os livros tradicionais de história nos apresentam uma versão literalmente editada e unifocal dos fatos que moldam a humanidade e definem o presente: narram-nos guerras, mas do ponto de vista de generais e políticos que as provocam e as observam, tomando decisões em seus palácios com taças de vinho nas mãos. apresentam-nos a cultura de países em diferentes épocas, mas do ponto de vista de produções artísticas e de festas em salões da nobreza. relatam-nos o funcionamento econômico de sociedades, mas por meio de descrições não raro simplórias e mecânicas das modalidades de produção e de comércio. ... mas e a vida, os fardos, os sofrimentos, as angústias, as alegrias da maioria imensa dos humanos que, "aqui em baixo", põe as mãos à obra e constrói DE FATO a História?
em um trabalho jornalístico embebido de humanidade e empatia, svetlana aleksiévitch deixa falar, neste livro, as vozes nuas e cruas daqueles que foram vitimados pelo acidente nuclear de tchernóbil, mas que foram sumariamente excluídos das narrativas oficiais da História. é poderoso, dolorido e esclarecedor, mas até ler sobre o sofrimento dos nossos semelhantes requer coragem e força. creio que seria melhor para mim se eu o tivesse lido em uma época menos pesada para a humanidade. acabou sendo uma leitura meio dura, agora em que há tanto sofrimento escancarado no planeta enquanto atravessamos a pandemia de covid-19.
a obra de svetlana aleksiévitch é toda composta de livros que dão a palavra a quem viveu e construiu a História naquilo que os livros oficiais consideram bastidores (crianças e mulheres na segunda guerra mundial, jovens soldados na guerra soviético-afegã, o povo russo durante o declínio e a dissolução da união soviética). talvez o seu prêmio nobel de literatura em 2015 tenha sido um dos mais belos dentre os atribuídos na década que passou ou, até mesmo, um dos mais nobres de toda a história dessa premiação.
e já que sonhar nunca é demais: quem sabe em alguns anos, svetlana nos brinde com uma nova obra em que motoboys e caminhoneiros, profissionais da saúde, da segurança e da limpeza, órfãos/ãs e viúvos/as, os próprios sobreviventes da pandemia... possam todos formar um novo coro e nos falar -- e, dessa forma, nos dê um ponto de vista fraterno e humano dessa tragédia de saúde pública que nos chega hoje via noticiários apenas por meio de gráficos, estatísticas e, pior, de imbróglios políticos? ... .. .